Boa tarde a todos.
Anne, Mariana, Sofia, António muito obrigado pelo vosso testemunho tão comovente e muito generoso. É a prova do que aprendi nestes três anos – não há um povo mais carinhoso, mais simpático em parte nenhuma da Terra do que em Portugal. E gostava de dizer, António, que a referência ao caso Spotlight, um caso que foi muito importante para mim, é muito oportuna porque esta semana vai estar no Congresso dos Jornalistas Michael Rezendes, um filho de Portugal, que é repórter do Boston Globe e membro da equipa Spotlight e que a Embaixada trouxe cá para falar aos jornalistas portugueses. Portanto, até ao último minuto vamos estar a trabalhar nisso.
Uma palavra de reconhecimento a algumas pessoas responsáveis por eu estar aqui hoje, começando pela Sofia Tenreiro, a nova Presidente da Câmara de Comércio Americana. Sofia, embora tenha assumido a presidência da Câmara de Comércio há apenas alguns meses, a sua capacidade de liderança na organização e na sua própria empresa durante os três anos que aqui estive tem sido absolutamente fenomenal. Sei como na Cisco prezam o seu estilo dinâmico, inclusivo e aberto – pois o CEO mundial John Chambers andou a dizer isso a toda a gente durante o Web Summit – e sei o que isso pode significar para a Câmara de Comércio. Fez da Cisco um valioso parceiro da Embaixada Americana – e é uma grande amiga minha e da Kim. Sei que a Câmara de Comércio vai beneficiar largamente da nova abordagem que traz. Sei porque já vejo isso. Vejo como revitaliza e revigora este grupo – procurando maneiras não só de unir a comunidade empresarial americana, mas aproveitando o colectivo de vozes e fazer dele a força para uma mudança positiva. E a sua liderança surge num momento importante: as empresas americanas não só estão de perfeita saúde em Portugal, estão a florescer! E o papel da Câmara de Comércio no sucesso é absolutamente vital.
Quero agradecer a Graça Didier que merece um reconhecimento especial também – obrigado, Graça, por tudo o que fez nestes últimos anos em nome da Câmara de Comércio!
A Mariana Abrantes de Sousa e Anne Taylor do Clube Americano e António Neto da Silva da Associação de Amizade Portugal-Estados Unidos – foram todos grandes amigos e conselheiros durante esta minha estadia em Lisboa. E estou-vos mais grato do que pensam. Mais importante ainda, agradeço-vos pelo que fizeram todos os dias para promover as relações interpessoais entre os Estados Unidos e Portugal! As vossas organizações são a personificação dos laços que unem os Estados Unidos e Portugal, os laços que devemos sempre proteger. Mariana, sei que vai deixar a sua função de presidente, mas a sua presença será sempre lembrada e cumprimento-a pelo trabalho feito.
Um grande e sentido obrigado aos patrocinadores deste evento — AIG, EDP, MDS, PWC e United Airlines. Muito obrigado a todos.
Os meus agradecimentos ao meu bom amigo, o Ministro da Economia. Não vou entrar agora em pormenores porque falarei disto mais à frente no meu discurso.
Ao meu colega Allan Katz, que esteve aqui. Ah ali está ele… É o antigo Embaixador e está a escapar-se. Mas digo-vos que foi o Allan que nos ajudou, a mim e à Kim, quando viemos para Portugal com a sua orientação e conselhos e estou muito grato por tudo o que fez por mim e pela amizade que temos. Obrigado.
Ao Secretário de Estado do Turismo, obrigado por ter vindo.
Aos meus colegas da Embaixada, liderados pela Ministra Conselheira Herro Mustafa. Obrigado também por estarem aqui.
Aos meus colegas diplomatas, meus amigos, obrigado, honram-me com a vossa presença.
E por fim quero agradecer à minha parceira nesta grande aventura que também é a minha melhor amiga – a minha mulher, Kim. Quando viemos para Portugal, contei a história daquela vez, em 1962, quando o Presidente Kennedy viajou para França com a mulher Jackie. Os franceses, e em particular Charles De Gaulle, ficaram de tal maneira cativados pela elegância de Jackie Kennedy, pela sua inteligência e charme que, quando chegou à altura de o Presidente se apresentar num jantar formal, ele disse simplesmente: sou o homem que acompanhou Jackie Kennedy a Paris. Pressinto que alguns anos depois de eu ter deixado Portugal, vou ser lembrado como o homem que acompanhou Kim Sawyer a Lisboa! E não me podia sentir mais orgulhoso. Querida: foste uma embaixatriz espectacular. A tua presença vai ser lembrada nos anos que aí vêm. E a tua marca será medida pelas centenas e centenas de vidas que mudaste. Obrigado.
É difícil acreditar que a nossa grande aventura aqui está prestes a acabar. Foi a maior honra da minha vida representar o Presidente Obama e o povo americano em Portugal. E apreciar um bocado de futebol – em especial o Euro – enquanto pude.
Tive vontade de vir aqui neste dia porque, em 2014, dez semanas depois de termos chegado e precisamente nesta sala, num evento semelhante organizado pelas mesmas entidades, dei o meu primeiro grande discurso e partilhei as minhas primeiras impressões sobre Portugal.
Falei do que tinha ouvido ao viajar pelo país e encontrar-me com as pessoas de todos os níveis sociais. Falei do espírito resignado e pessimista que encontrei. As duas palavras que mais ouvi – “Não podemos”; “Somos um país pequeno, não temos como competir; “Não conseguimos ser um grande exportador de vinho porque a nossa produção é baixa”; e “Não podemos vender nos Estados Unidos porque só os portugueses que lá vivem irão comprar os nossos produtos.”
Estava sempre a ouvir que Portugal não tinha lugar no palco da economia mundial. Que o país não se conseguia governar – que só conseguia passar de crise para crise. Que a próxima geração de Portugueses em vez de elevar terá de baixar as expectativas. E a propósito, ouvi eu, onde estavam os Americanos para ajudar?
Falei então do que tinha dito numa incubadora em Lisboa – um lugar a transbordar de inovação – e depois aceitei responder a umas quantas perguntas. A primeira pergunta do jornalista: é verdade que os Americanos têm uma má impressão de Portugal? A minha resposta foi: “não, são os Portugueses que têm uma má impressão de Portugal. Os Americanos não conhecem Portugal.”
Esta atitude de autocomiseração era tão comum, disse eu, que até havia uma palavra portuguesa para isso – sebastianismo – a noção que não estava ao alcance do povo português resolver os seus próprios problemas. Alguém o teria de fazer por ele. Que Portugal precisava de um milagre – no dia em que o jovem rei Sebastião voltasse e salvasse Portugal dos seus tempos mais difíceis.
Vi que o sebastianismo, este pessimismo, era canceroso e que tinha metastizado por todo o país bloqueando o enorme potencial que Portugal detém.
Podem chegar à conclusão neste meu olhar pelo passado que fiz um discurso de desespero. Errado. Foi um discurso de esperança. Afirmei que não compreendo porque é que os portugueses têm tanta falta de confiança. Falei do que eu próprio constatei. O Portugal que eu conheci – não aquele que me descreveram – era um país rico em beleza e espírito; com uma história rica e experiência do mundo; com fortes laços que cobriram o mundo; com uma centelha de entusiasmo empresarial a nascer que só precisa de um pouco de oxigénio para se transformar em chama; com inovação de ponta; com gastronomia e vinhos de classe mundial à espera de serem descobertos. Com uma nova geração cheia de ideias e paixão. E, sim, com belas praias, campos de golfe e muito sol juntamente com um povo cuja generosidade de espírito não tem limites.
E depois de tudo isto cheguei à conclusão que não fazia sentido esperar por D. Sebastião porque ele já cá estava. Existiam os ingredientes. Tudo aquilo que era necessário para que os portugueses assumissem o seu lugar na definição do futuro mundial, como o tinham feito cinco séculos antes, era acreditar em si próprios – mudar o “não podemos” para “podemos”.
Na realidade o antídoto do sebastianismo chega-nos de uma autoridade que não é mais nem menos do que o Presidente Barack Obama. Disse ele: “A mudança não chega se ficarmos à espera de outra pessoa ou de outra altura. É por nós que temos esperado. Nós somos a mudança que procuramos.”
E agora, revigorados por uma nova confiança, os portugueses de hoje foram essa mudança e que diferença isso fez. Alguém acredita realmente que no Portugal de ontem a Selecção Nacional teria ganho o Euro 2016? No ano passado foi isso que aconteceu pela primeira vez na história do país. Lembremo-nos como tudo se passou. Jogar em Paris contra os franceses altamente favoritos, uma equipa que há mais de 40 anos não venciam, a grande estrela dos portugueses, Cristiano Ronaldo, lesiona-se e é retirado do campo numa maca. Estava-se mesmo a ver a derrota – para um pessimista, claro. Mas na segunda parte, um substituto – Eder – vem do banco e marca um golo, o primeiro dele num jogo por Portugal. É o único golo e Portugal ganha! Fui convidado para ir a Paris pelo meu modesto papel de apoio na corrida ao título, e vi com os meus olhos o que a vitória significou para o orgulho nacional dos portugueses e para a auto-estima colectiva.
Jogar num palco global abarca mais do que desportos. Quando as nações do mundo precisaram de um novo líder num dos momentos mais turbulentos e críticos da memória recente, para onde olharam? Para Portugal. O cargo de Secretário-Geral das Nações Unidas exigia um estadista e ninguém estava melhor qualificado para o papel do que António Guterres. No Outono passado, foi sobre um português que recaiu a escolha unânime para o novo Secretário-Geral. Pensem no que acabei de dizer. Todos os dias estamos expostos a conflitos e discriminação na comunidade mundial. Mas havia alguém com quem os países de todo o mundo podiam esquecer as diferenças e seguir essa pessoa. Era – e é — António Guterres, a pessoa certa para dirigir a ONU nestes tempos turbulentos.
E por fim, quem pensaria há dois anos e meio que Portugal seria apontado como um hub da tecnologia mundial? O Web Summit veio para Lisboa e vai ficar por cá por mais três anos no mínimo. No ano passado – o primeiro ano do evento – 50.000 participantes de todos os continentes vieram a Lisboa. Entre eles 5.000 americanos! Diria que, nessa altura, houve em Lisboa mais tatuagens e piercings por metro quadrado do que alguma vez no passado. Mas eram criativos, inovadores, fazedores. E a eles juntaram-se 700 CEOs no maior evento tecnológico do continente. Um importante CEO americano, por dentro da inovação de uma costa à outra dos Estados Unidos, descreveu isto da melhor maneira quando disse que nos seus encontros com empresas portuguesas, de startups a outras, não via diferença entre as pessoas que encontrou aqui e os seus colegas de Nova Iorque ou Silicon Valley. O espírito de inovação, empreendedorismo e confiança era o mesmo. Regressou convencido de que Portugal teria de ter um papel mais relevante no seu pensamento global, na sua empresa. Os organizadores do próximo Web Summit estão a fazer planos para mais de 6.000 inovadores, empreendedores e investidores. E no ano seguinte vai ser maior e vai ser melhor!
O aparecimento de Portugal na tecnologia e inovação não aconteceu por acidente. Aconteceu graças a um sistema universitário de classe mundial, aconteceu graças a uma nova geração que acredita que as suas ideias podem mudar o mundo e aconteceu porque um governo quis investir numa economia nova, numa economia do século XXI. Uma pessoa a quem deve ser dado crédito e que tem essa visão e empenho é o meu caro amigo e companheiro de voltas de motorizada, o Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral. O Ministro e o Secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, criaram a Startup Portugal, transformando o país do Minho ao Algarve numa grande incubadora de empreendedorismo e inovação.
A atitude do Ministro Caldeira Cabral revela-se desde o minuto que se entra no ministério pois ele transformou todo o rés-do-chão numa montra das inovações comerciais de ponta que acontecem em Portugal. Há coisas como têxteis de alta tecnologia e drones do futuro e há um modelo do WindFloat, a plataforma eólica flutuante desenvolvida pela EDP juntamente com um parceiro americano, Principle Power. Muito em breve o ministro vai precisar de mais do que o rés-do-chão, vai precisar de todo o edifício ou se calhar toda a rua.
Aquilo que o Ministro e Portugal estão a fazer em termos de inovação não chamou apenas a atenção dos organizadores do Web Summit. Chamou a atenção também da equipa do Presidente Obama na Casa Branca. Estavam à procura de dirigentes governamentais que não só falassem de inovação mas que pelas suas práticas pudessem servir como exemplos globais. E foi por essa razão que no Verão passado o Secretário de Estado João Vasconcelos foi um de uma mão cheia de líderes mundiais a ser não só um dos convidados mas um dos oradores no Global Entrepreneurship Summit em Silicon Valley, uma iniciativa patrocinada pelo Presidente Obama.
Deixem-me apontar alguns exemplos do melhor da inovação a acontecer em Portugal a começar pelo WindFloat, um projecto de energia português-americano. O WindFloat compreende geradores movidos a vento que flutuam no mar e que podem ser mudados e manipulados para se usar ao máximo as forças da natureza. Não estão fixos; utilizam a energia eólica marítima. O grupo WindFloat completou agora os cinco anos de teste ao largo da costa norte de Portugal – eu próprio tive a oportunidade de o presenciar no Verão passado. Deixem-me que vos diga, tomara o nosso barco ter a mesma tecnologia de estabilização que a turbina! WindFloat estão agora a instalar uma série ainda maior de turbinas. E não vai faltar muito para que projectos como este e o primeiro parque eólico mundial perto da Aguçadoura passem a algo global. É graças a esforços desta ordem que Portugal está a levar o mundo para um futuro com uma energia mais limpa e mais sustentável. De facto tanto em Washington como em Wall Street foi notado o recorde mundial batido por Portugal em Maio passado ao funcionar durante 107 horas seguidas com energia renovável.
A colaboração entre uma empresa tecnológica americana e uma companhia energética portuguesa leva-nos à outra questão que eu tinha levantado. “Onde estão os americanos?” Nessa altura, se dessem uma volta pela cidade, encontravam turistas ingleses, franceses e alemães, raramente americanos. Se pegassem no jornal, veriam notícias sobre investimento angolano ou chinês, não americano.
Mas isso mudou e depressa. O número de empresas americanas está a aumentar, o investimento americano está a crescer e o comércio a expandir. Somos actualmente o vosso maior parceiro comercial fora da UE. Em Abril chegou ao porto de Sines o primeiro carregamento de gás natural liquefeito vindo dos Estados Unidos. O número de estudantes americanos mais do que duplicou desde que cheguei, o número de americanos a visitar Portugal explodiu e cada dia há mais laços entre os nossos povos e as nossas instituições. As mais de 130 empresas americanas a operar em Portugal empregam à volta de 30.000 trabalhadores e geram vendas de cerca de 5 mil milhões. Isso representa cerca de 3% do PIB português. As empresas americanas, sejam consultores de nível mundial como a PwC, gigantes IT como a Microsoft e a Cisco, ou líderes na área da alimentação e bebidas como a Coca-Cola são parceiros no sucesso económico e transformação de Portugal. As nossas empresas estão aqui, estão firmes e a contribuir para um futuro moderno e brilhante de Portugal.
E os investidores americanos estão a fazer o mesmo. Começou no ano passado com a privatização da TAP quando o consórcio Atlantic Gateway e o fundador da JetBlue Airlines, David Neeleman, avançaram para salvar a companhia de cair na banca rota. Num curto período de tempo, restauraram a posição da TAP no mercado e colocaram-na num plano de crescimento sustentável, preservando um símbolo nacional e ao mesmo tempo contribuindo para o relançamento do país. Em 2017 Lisboa tornou-se um hub global de ligação à América do Norte, América do Sul, Europa e África. E Neeleman está a trazer para a TAP a mesma inovação que introduziu na JetBlue. O programa de escala em Portugal, por exemplo, é um enorme sucesso. Voe com a TAP para qualquer destino entre os Estados Unidos e a Europa e fique em Portugal três dias sem qualquer pagamento extra pela ligação. E tem descontos em hotéis, restaurantes e operadores turísticos. Que maneira fantástica de ficar a conhecer este fantástico país!
Este foco em Portugal descoberto agora pelos americanos também se vê noutras áreas. Não é segredo que os problemas no sector financeiro pesaram no crescimento de Portugal. Mas agora, não uma mas três casas de investimento americanas querem ter um papel na restauração da saúde da banca portuguesa ao comprar o Novo Banco e devolver o banco ao lugar que lhe compete no coração da economia, voltando a funcionar como motor de crescimento das pequenas e médias empresas. Seja o vencedor final o consórcio Apollo/Centerbridge ou o grupo Lone Star, não restam dúvidas que uma solução americana vai trazer novo capital, know-how, práticas de mercado transparentes e saudáveis de que neste momento Portugal precisa o que só faz com que os laços que unem os nossos dois países se tornem ainda mais fortes.
É neste contexto que a Embaixada tem vindo a fazer do aumento do comércio e investimento transatlântico uma grande prioridade.
Tivemos um papel na venda da TAP, aconselhando o grupo Neeleman e discutindo com o governo que a privatização – com uma injecção de capital e de novas ideias – era a única opção para a viabilidade da companhia a longo prazo. Expansão e novas rotas da TAP como a de Washington que a United lançou o ano passado. E digo-vos que nós da Embaixada que passamos muito tempo em Washington apreciamos muito essa rota. Trouxe cada vez mais estudantes, empresários e turistas a Portugal e a companhia aérea foi recentemente classificada como uma das melhores da Europa.
Trouxemos a Portugal importantes delegações de tecnológicas americanas, nomeadamente uma missão de biotecnologia que convencemos Craig Mello – o Pémio Nobel da Medicina em 2066 – a liderar. Criámos o Portugal Day num dos maiores hubs de biotecnologia do mundo, MassBio em Cambridge, Massachusetts, perto de minha casa. Foi a segunda vez na história que esta organização — que conta entre os seus membros algumas das maiores empresas de biotecnologia do mundo – acedeu a dedicar um dia a pitches e networking por empresas de um só país com investidores e decisores dos Estados Unidos ali na sala. Pouco antes do Natal, eu e o Ministro Caldeira Cabral promovemos o encontro entre uma delegação de empresas de biotecnologia portuguesas e investidores e decisores na MassBio de modo a criar fortes laços entre as nossas empresas do sector das ciências da vida e as vossas.
No Web Summit organizámos, em parceria com a Microsoft, a Microsoft Start-up Challenge, uma competição para startups portuguesas prontas para a internacionalização que oferecia à vencedora a oportunidade de uma vida – exposição sem custo no Web Summit, espaço de incubadora em Boston, acesso aos investidores americanos e assistência jurídica gratuita para se estabelecer nos Estados Unidos. E não apenas isso, os pitches dos oito finalistas foram filmados sendo posteriormente apresentados nos voos transatlânticos da TAP.
Investimos e fizemos parcerias com seis American Corners em algumas das melhores universidades portuguesas, fornecendo o equipamento dos novos FabLabs e MakerSpaces e trazendo especialistas americanos para fazerem workshops sobre tecnologia, dando aos jovens portugueses a oportunidade de testarem as suas ideias e desenvolver projectos práticos.
E lá porque eu e a Kim partimos daqui a uma semana, isso não quer dizer que deixámos de trabalhar nisto. Aliás, amanhã Steve e Judy Pagliuca vêm passar três dias connosco. Steve é o dono dos Boston Celtics, mas mais importante do que isso, é o Presidente do Bain Capital, uma das mais conhecidas empresas de capitais privados dos Estados Unidos. A Judy, tal como o marido, tem uma licenciatura da Harvard Business School e investe em biotech startups. A agenda deles está cheia com reuniões com empresários e startups, incluindo os finalistas do Microsoft Start-up Challenge.
E, claro, o programa de que estou extremamente orgulhoso – Connect to Success, iniciativa de empreendedorismo e emancipação feminina criada pela minha mulher para ajudar as empresas detidas por mulheres a tornarem as suas ideias comerciais em empresas viáveis. Temos actualmente 750 mulheres, do Norte ao Sul e dos Açores, a participar nos nossos programas de Corporate Mentoring e MBA/Masters Consulting e também nas workshops gratuitas. Quando formos embora, a FLAD passa a assumir a liderança do Connect to Success. É portanto um programa que está para ficar. É de facto espantoso como um programa lançado há apenas dois anos já tem reconhecimento global como modelo inovador de primeira para parcerias público-privadas de apoio a mulheres empresárias. O Departamento de Estado classifica o Connect to Success como uma boa prática a ser replicada noutros pontos do mundo e estamos em negociações para que isso mesmo aconteça. Este programa foi iniciado pela Kim como voluntária. Foi ela que pagou as viagens de e para Lisboa, deu inúmeras horas, não porque fosse paga para isso mas porque acredita no que está a fazer. Querida, levanta-te por favor. Parabéns pela tua obra!
Cheguei ao fim do meu discurso e do meu mandato como Embaixador. É tempo de reflexão e previsão, por outras palavras. Como é que vejo o futuro? Em Portugal, vejo um país com fortes laços que atravessam o Atlântico. Um país que facilmente se poderia tornar um hub de negócios internacional, com empresários enérgicos e investigação de topo. Com ideias inovadoras desenvolvendo soluções de futuro para os desafios globais. Prevejo que nos próximos anos Portugal venha a ganhar o lugar a que tem direito no palco mundial. E vou estar muito orgulhoso ao dizer que estive lá quando a confiança de Portugal renascia.
Espero estar certo sobre isto. E a razão é que, como toda a gente que acompanhou o Euro 2016 sabe, sou muito bom quando falamos de previsões!
Obrigado. Até breve.