Boa tarde a todos!
Foi com enorme prazer que acolhi este evento do canal National Geographic para celebrar o lançamento da nova série MARS. Agradeço a Vera Pinto Pereira, Senior Vice Presidente da Fox/National Geographic Iberia e a toda a equipa, um óptimo parceiro que colaborou connosco na organização deste programa. Agradeço também a Emmet Fletcher, da Agência Espacial Europeia (ESA), que aqui está hoje para falar do papel da ESA no nosso sonho de chegar a Marte. E, por fim, um agradecimento a todos por participarem connosco neste evento especial.
A National Geographic tem um lugar especial no meu coração. Quando era criança ficava fascinado com a revista. E era assinante! Era para mim a oportunidade de explorar a beleza e as dificuldades de um mundo que ficava para além do que eu conhecia. Na altura, para mim África era um mundo tão estranho como hoje é Marte. E a National Geographic era a minha via para entender as diferentes culturas do meu próprio planeta.
De facto, ainda hoje conservo essas velhas revistas de capa amarela. Se calhar ao guardá-las estava de forma subconsciente a reconhecer a sua importância na abertura ao mundo que me rodeia. É fantástico que, através do canal National Geographic, uma nova geração de miúdos esteja a descobrir este mundo e o que fica para além dele.
A exploração do espaço, de planetas próximos e afastados, foi sempre o sonho da humanidade. Assim como em tempos os marinheiros portugueses ficavam na margem observando um oceano sem fim, é assim que nós hoje ficamos; neste pequeno globo azul a que chamamos casa, olhando para a imensidão do espaço e tentando adivinhar o que poderemos encontrar na escuridão. E tal como esses exploradores de outros tempos sabiam que havia muito a descobrir para lá da linha do horizonte, nós sabemos também que ao tentar chegar às estrelas podemos fazer grandes descobertas.
Nesta nova era de exploração temos de trabalhar em conjunto. País nenhum pode fazê-lo sozinho. O próximo objectivo da NASA é enviar humanos para Marte, mas a viagem e os elementos utilizados para lá chegar precisam e vão reflectir os planos e prioridades individuais dos parceiros que colaboram na exploração.
Um dos nossos grandes parceiros é a Agência Espacial Europeia (ESA) que nos está a ajudar a dar o próximo passo nesta grande viagem ao fornecer o Serviço Modular Europeu para a nave Orion da NASA. Este módulo inclui sistemas de propulsão, gera e armazena energia e fornece água, ar e calor aos astronautas da Orion o que nos vai ajudar a ir mais longe no espaço do que alguma vez fomos.
Embarcamos juntos nesta viagem e vai ser um verdadeiro empreendimento global defender o progresso da humanidade; não apenas que nos aproxime das estrelas mas que nos traga recompensas tangíveis aqui na Terra.
Ao longo dos anos, os cientistas da NASA trouxeram melhorias à nossa vida através da inovação e colaboração com a indústria e o sector privado, colocando no mercado tudo desde velcro, botas de ski e telemóveis com câmaras integradas a painéis solares e espuma de memória. Até hoje a NASA já registou à volta de 1.800 tecnologias spinoff.
E o trabalho da NASA e da ESA não se limita ao espaço. Aqui em terra, o cidadão comum pode colaborar para nos ajudar a utilizar a tecnologia do espaço e assim melhor entendermos o nosso próprio planeta e os desafios climáticos que enfrentamos. Aliás, há estudantes aqui em Portugal a participar no programa da NASA chamado “Global Learning and Observations to Benefit the Environment” ou GLOBE.
Este programa internacional de ciência e educação permite aos estudantes e público em geral participar na recolha de dados ambientais, aprender sobre o processo científico e contribuir de modo significativo para a compreensão do ambiente na Terra.
Tive recentemente a honra de entregar diplomas a alunos do secundário dos Açores pela sua notável contribuição ao enviarem mais de 10.000 registos para o programa GLOBE. São alunos e professores motivados para ligar o seu trabalho na Terra com dados recolhidos no espaço pela NASA; tudo num esforço para melhor entender o nosso mundo e as ameaças ambientais que enfrenta.
Mas hoje estamos a olhar para além da Terra, para o nosso vizinho – Marte.
Vou contar-vos um episódio sobre a mulher que é hoje a número dois da NASA, Dava Newman. Ia encontrar-me pela primeira vez com a Dra. Newman e isso porque ela era a responsável pelo programa MIT-Portugal e peguei numa revista de Boston. E que vejo eu no interior da capa? – uma foto incrível da Dra. Newman vestindo um fato espacial em que ela estava a trabalhar para uma missão tripulada a Marte. Como poderão imaginar a maior parte do tempo da reunião foi a falar sobre o que é necessário para chegar a Marte!
A Dra. Newman esteve em Portugal no ano passado e deixou bem claro que, para chegar a Marte, temos de traçar as nossas etapas. Isso quer dizer investir na plataforma de exploração mais próxima: a Estação Espacial Internacional (ISS).
Em Dezembro os nossos parceiros europeus vão contactar os países membros para prolongar a ISS até pelo menos 2024. Isto exige que seja explicado aos respectivos governos a importância de manter o apoio à ISS e exploração espacial. Estamos gratos pelo compromisso já assumido pelos nossos parceiros canadianos, russos e japoneses para a utilização da ISS até 2024.
A ISS é de um valor crítico como banco de ensaio para a exploração para além da órbita baixa da Terra. Com o apoio das parcerias da ISS, o nosso desejo comum de expandir o alcance do espaço pela humanidade vai continuar. Vamos chegar mais longe e levar a cabo missões mais difíceis ao prepararmo-nos para finalmente enviar astronautas para Marte.
A ampliação das nossas capacidades e alargamento das nossas missões fazem parte de um plano geral aprovado pelas agências espaciais internacionais que integram o International Space Exploration Coordination Group (ISECG). Este plano, Global Exploration Roadmap, reflecte uma visão comum para a exploração do espaço profundo.
Haverá sucessos e falhas ao seguirmos esse mapa mas cada um deles será um passo no caminho para Marte. Há que ter imaginação e inspiração para prosseguir este caminho. E é o que a série MARS do canal National Geographic nos traz. Dá-nos o ensejo de olharmos para o futuro e ver como será uma viagem tripulada a Marte. E apresenta-nos os especialistas que, no seu trabalho diário, estão a fazer tudo para tornar possível essa viagem.
Estou ansioso por ver a série. O espaço é algo que sempre me fascinou. E os astronautas são os meus heróis desde que vi Alan Shepherd ser o primeiro americano no espaço.
Lembro-me que fiquei boquiaberto quando, em 1962, o Presidente Kennedy anunciou o desafio de mandar um homem à Lua. E fiquei a pensar nas possibilidades de ir para outros planetas desde aquela noite de Julho em que vi Neil Armstrong pousar o pé na Lua.
O caminho para a Lua teve falhas. Três valentes astronautas perderam a vida no lançamento da Apollo 1. A Apollo 13, que ficou famosa pelo filme, nunca chegou ao destino. Com o arrojo da aventura vem o risco e por vezes o falhanço, mas também uma maior aposta num grande feito.
Estou ansioso para ver onde nós, como comunidade global, estaremos na nossa viagem para o planeta vermelho nos próximos 5, 10 ou 15 anos. Independentemente da altura em que lá chegarmos, acredito sinceramente que vou ter a oportunidade de testemunhar esse grande passo para a humanidade quando uma pessoa puser o pé em Marte.
E aqui termino passando o microfone para a minha ilustre co-anfitriã, a Senior Vice-Presidente da FOX/National Geographic Partners, Vera Pinto Pereira.