(Discurso proferido pelo Conselheiro Mark Pannell)
Amigos e colegas,
Bem-vindos à Embaixada dos Estados Unidos da América. Infelizmente foi cancelado o voo de regresso e o Embaixador não conseguiu estar aqui hoje. Apresenta as suas desculpas por não participar pessoalmente num evento deste relevo e deseja a todos felicidades num dia tão importante como este. Decidimos manter a cerimónia de hoje pois todos queríamos prestar homenagem aos que perderam a vida em Orlando e a todos aqueles que continuam a lutar pelos direitos das pessoas LGBTI e direitos humanos.
Ao prepararmos esta cerimónia, antecipámos um momento de alegria. No ano passado coincidiu com a decisão Obergefell do Supremo Tribunal dos EUA que dava a todos os americanos o direito a casar com a pessoa da sua escolha independentemente da sua orientação sexual. Foi um grande dia em que se viu o hastear da bandeira Arco-Íris juntamente com a bandeira americana. Este ano, algo que se passou a três milhas daqui mudou o nosso dia. Já todos deverão ter visto o horror, a devastação indescritível que ocorreu nas primeiras horas de domingo num bar gay em Orlando, Florida. Trata-se de um clube, Pulse, que para a comunidade LGBTI era um local de encontro e convívio aberto e autêntico. Estavam lá para se divertirem e celebrarem o mês do Orgulho, ouvir música latina e dançar. Estavam a exercer as liberdades garantidas a todos os americanos de se reunirem em paz e procurar a felicidade. 49 vítimas inocentes perderam a vida e mais de 50 ficaram feridas, algumas com gravidade. Em memória das vidas que se perderam e pelos que sofreram com este ataque, peço a todos um momento de silêncio.
[pausa para um momento de silêncio]
Muito obrigado.
O ataque de terror em Orlando é um alerta sério e cruel de que, apesar da Lei do Casamento no ano passado ter sido um enorme passo em frente, há ainda muito a fazer para acabar com a discriminação e intolerância na nossa sociedade e em todas as sociedades. Os valores fundamentais da igualdade e dignidade que definem os nossos dois países não estão completamente a salvo e é nosso dever defender esses valores nos actos e nas palavras. É essa a razão por que aqui estamos hoje a hastear as duas bandeiras no mesmo mastro. Embora estejam a meia-haste pela perda de vidas, são também prova inquestionável de que os EUA condenam actos de intolerância e apoiam os direitos dos indivíduos e comunidades LGBTI de todo o mundo na sua luta não só pela igualdade de direitos mas pela própria segurança das suas vidas. E é por isso que, tal como tínhamos planeado antes da tragédia de Orlando, gostaria de vos comunicar que o Embaixador vai participar na Marcha do Orgulho LGBTI em Lisboa, no próximo sábado. Gostaríamos de vos convidar para voltarem aqui à Embaixada para hastear as bandeiras na presença do Embaixador. Ainda nos falta confirmar pormenores, mas talvez na sexta-feira.
Mesmo em tempos de tragédia é possível receber inspiração de muitos actos heróicos e altruístas – pessoas que da mesma forma ajudaram os amigos e os estranhos, que olharam uns pelos outros e salvaram vidas. Também nos inspira a onda de amor e apoio que chegou a Orlando de comunidades de toda a parte do mundo.
O acto de olharmos uns pelos outros e criarmos um ambiente de aceitação e amor é o motivo pelo qual me agrada receber-vos para comemorar o Mês do Orgulho, uma celebração das contribuições de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros e Intersexuais de todo o mundo. Temos para vos apresentar um programa que é importante e, dado o que se passou neste fim de semana, particularmente comovente, que inclui um documentário sincero e inspirador – “Matt Shepard is a Friend of Mine” – bem como um webchat interactivo com algumas das maiores figuras de defesa dos direitos LGBTI dos Estados Unidos.
Reafirmemos hoje aqui que os direitos LGBTI são direitos humanos e que os direitos humanos são direitos LGBTI e todos ficamos a ganhar se esses direitos forem garantidos e exercidos. E vamos continuar a respeitar a decisão do Supremo Tribunal dos EUA que deixa claro que o direito fundamental ao casamento é garantido a casais do mesmo sexo ao abrigo da Constituição americana, a lei suprema do nosso país. Lembremos que a decisão do Supremo Tribunal trouxe esperança. Trouxe dignidade. E uniu-nos. E se o acto de terror do passado fim de semana nos abalou com uma mensagem escrita com o sangue das vítimas que os indivíduos LGBTI enfrentam discriminação, violência e até a morte por serem quem são, a nossa determinação torna-se ainda maior. Como disse Martin Luther King, “o arco do universo moral é longo, mas inclina-se para a justiça”.
A todos, muito obrigado.