Celebração do Dia da Independência

Boa tarde.

Ministro Mário Centeno,
Ministro Manuel Caldeira Cabral, e outros membros do Governo Português;
Membros das Forças Armadas de Portugal;
Deputados da Assembleia da República;
Colegas Embaixadores e Membros da Comunidade do Corpo Diplomático;
Representantes da Strike Force NATO e membros do Exército dos EUA;
Comandante Stefan Walch and chefia do USS Gonzalez;
Colegas da Embaixada Americana e Amigos portugueses e americanos a quem muito devemos esta experiência fantástica em Portugal.

Gostaria também de agradecer aos nossos patrocinadores cuja generosidade tornou possível este evento bem como à nossa banda D-Gang. Francisco, é bom que nos ponham todos a dançar esta noite!

Gostaria então de dar as boas vindas a todos à celebração do nosso dia nacional – o Quatro de Julho. Bem-vindos à festa do 240º aniversário da assinatura da Declaração da Independência.

Nos últimos dois anos, por esta ocasião, falei sobre as liberdades fundamentais que este documento proclama, não só para o povo americano mas para todos os povos. Dele fazem parte o direito inalienável à vida, liberdade e busca da felicidade. A Declaração da Independência não foi um documento de retórica, mas de decisão. E em resultado disso nasceu uma nova nação – uma experiência improvável em democracia, assente numa exigência universal de dignidade humana. O 4 de Julho é um dia para celebrar as nossas liberdades mas também para fazer uma pausa e homenagear todos aqueles que lutaram e morreram pela liberdade dos povos em todo o mundo. E, assim, a todos vocês que aqui estão hoje envergando um uniforme, seja dos Estados Unidos ou de outro país unidos nessa causa, agradeço e às vossas famílias pelo vosso sacrifício e pelo serviço que prestam.

Nós, Americanos, reconhecemos que a Revolução Americana foi o início não o fim. Desde 4 de Julho de 1776 que procurámos, como nação, ser uma “união mais perfeita”. E como disse o Presidente Obama, mostrámos que “a verdadeira força de um país não está na força das suas armas ou na escala da sua riqueza, mas na força duradoura dos seus ideais: democracia, liberdade, oportunidade e esperança inabalável. É esse o verdadeiro génio da América: que a América pode mudar. A nossa união pode ser aperfeiçoada. Aquilo que já alcançámos dá-nos esperança para aquilo que podemos e devemos alcançar amanhã.” Faz parte da promessa da América a ideia de que o significado de liberdade também evolui.

Assinala-se este ano o 75º aniversário do famoso discurso do Presidente Franklin Roosevelt “Quatro Liberdades”. Em 1941, o mundo estava em plena guerra e a liberdade era posta à prova de todas as maneiras pelo ódio, discriminação e intolerância. Foi nesse momento negro da história que o Presidente Roosevelt apresentou uma visão de esperança para toda a humanidade.

Ele afirmou que todas as pessoas do mundo deveriam ter liberdade de pensamento e de expressão e serem livres de adorar Deus à sua própria maneira. Esses direitos já estavam inscritos na nossa Constituição. Mas ele foi mais longe dizendo que a verdadeira liberdade também inclui libertar-se das carências e do medo. Libertar-se das carências quer dizer que toda a gente deveria ter as necessidades básicas da vida como alimentação, abrigo e educação. Libertar-se do medo significa poder viver num ambiente livre de ódio e agressão. Aquilo de que o Presidente Roosevelt falou foi um alargamento da dignidade a que todo o ser humano tem direito. E a verdade que ele então reconheceu, e que continua válida, é que a paz e segurança mundial estão intrinsecamente associadas a esses direitos humanos.

A ideia da liberdade está novamente em perigo. Está a ser posta à prova das mais diversas maneiras por todo o mundo. O medo é a moeda dos terroristas e grupos de ódio, seja em Aleppo, Paris, Istambul, Bruxelas, Mali ou Orlando. Quando aqueles que se movem pelo ódio recorrem à violência para privar as pessoas de segurança, quando as fazem viver no medo, é obrigação de todos os países livres de se unirem e, em nome da humanidade, acabar com essas ameaças perniciosas.

Também estamos a ser testados como comunidade global quanto ao nosso empenho na liberdade de querer. Grupos de refugiados do Afeganistão, Iraque, Síria, Líbia e outros países em convulsão política chegam à Europa onde são vítimas de violência maciça. Estes refugiados trazem a roupa no corpo e os filhos pela mão – de barco ou a pé. E os que não morrem só procuram uma vida melhor.

O modo como respondermos ao drama dos refugiados vai ser uma resposta muito clara à questão sobre o nosso compromisso com a liberdade ser real ou apenas retórico. Portugal está a responder a esse apelo e a dar ao mundo o exemplo abrindo os braços àqueles que mais precisam. Portugal alargou e voltou a alargar o número de refugiados que se compromete a receber. O plano é integrá-los nas comunidades locais, dar educação às crianças e emprego aos pais, dar-lhes uma nova vida de oportunidade e dignidade. As autoridades locais têm contactado o serviço nacional de migrações não para se queixarem do número de refugiados que receberam mas para saber porque ainda não receberam nenhuns. A generosidade dos portugueses deixa-me comovido e é com muito orgulho que desempenho funções neste grande país.

Nos Estados Unidos conhecemos bem a história do refugiado. Milhões chegaram à América vindos de lugares distantes, à procura da esperança que a América representa: a esperança numa vida melhor para os seus filhos e os filhos dos seus filhos. Os meus Pais foram vítimas de perseguição religiosa na Europa no século passado e fugiram para a América em busca de liberdade e oportunidade. Hoje, o filho regressou à Europa como Embaixador dos Estados Unidos em Portugal. Essa promessa da América continua. Vemo-lo no rosto dos Marines que desfilaram há pouco na cerimónia. Entre eles está o SSGT Jin Wang, nascido na China; Sgt Mohammed Sesay, natural da Serra Leoa; Sgt. Daphner Aulibrice, nascido no Haiti e o Cabo Luis Santisteban que nasceu em Porto Rico.

A estrada para a liberdade não é uma linha recta para as pessoas, os países ou o mundo. É frequente que as divisões políticas nos levem a perder de vista os objectivos comuns. Isso era tão verdade quando a América nasceu como é hoje. Os Pais Fundadores John Adams e Thomas Jefferson, o segundo e terceiro presidentes, estiveram unidos na causa da independência como co-signatários da Declaração da Independência. Tornar-se-iam mais tarde sérios antagonistas políticos. Fundaram partidos políticos rivais e fizeram comentários pessoais muito desagradáveis na imprensa, um condenando o outro pelas falhas enquanto líder político. Mas com o avançar da idade e já reformados, estes patriotas reacenderam a sua amizade com base no objectivo de que comungavam. Numa carta sincera e muito comovente, Jefferson escreveu a Adams: “Leva-me a um tempo em que, deparando com dificuldades e perigos, éramos colegas a trabalhar na mesma causa por aquilo que é mais importante para o homem – o seu direito à autogovernação.” Pouco depois de Jefferson ter escrito esta carta, o destino mandou um forte aviso da sina que partilhamos. Pois Jefferson e Adams morreram no mesmo dia. Foi no dia 4 de Julho de 1826, exactamente quando se completavam 50 anos sobre o dia em que ambos assinaram a Declaração da Independência. Deixaram-nos uma grande dádiva na Declaração da Independência, deram-nos uma lição na sua luta partidária e legaram-nos um exemplo de fraternidade e tolerância.

É algo que devemos lembrar hoje se de facto estamos com a visão de Roosevelt sobre esperança, segurança e prosperidade. E só o conseguimos se, como amantes da liberdade, deixarmos para trás o que nos divide e nos virarmos para o que nos une. E ao fazê-lo, será esse o nosso presente para as gerações futuras. Muito obrigado.

Deus abençoe os Estados Unidos da América. Deus abençoe Portugal.

E força Portugal!