Festa da Independência

Boa noite,

Colegas da Embaixada Americana,
Membros do Governo português,
Membros das Forças Armadas portuguesas,
Deputados do Parlamento português,
Colegas Embaixadores e Membros da Comunidade Diplomática,
Membros da Strike Force NATO e Militares americanos,
Comandante do USS Fort McHenry e Comandante dos Marines embarcados e
Amigos portugueses e americanos que, ao longo do ano me acolheram e à Kim não só neste país, mas também nos seus corações.

Boa noite.

Queria dar as boas vindas a todos para a celebração do nosso dia nacional – o Quatro de Julho. É um dia especial para os americanos, porque é um dia para nos lembrarmos quem somos como povo e o que defendemos como nação. É também um dia para homenagear aqueles que se sacrificaram para que nós estivéssemos onde estamos hoje.

No dia 4 de Julho de 1776, um reduzido grupo de patriotas enveredaram por uma improvável experimentação de democracia. Nesse ponto da história da humanidade, as nações eram governadas por reis e rainhas, príncipes e imperadores e eram eles que tomavam as decisões pelo povo. Mas para estes patriotas havia uma melhor via. Declararam que na América as pessoas eram iguais; tinham liberdade de pensamento e de credo e o seu destino não era decidido para elas mas por elas.

Os nossos fundadores acreditavam de tal maneira nestes arrojados ideais que empenharam “as suas vidas, os seus bens e a sua honra” para os defender. A nossa Declaração da Independência não foi um documento de retórica mas uma decisão. E foi assim que começou a nossa revolução e o nosso compromisso com as verdades fundadoras que nos guiam desde então. E foi também assim que foram lançadas as sementes da primeira vaga de democracia do mundo.

Quase dois séculos depois – em 1974 – um outro país assumiu um compromisso semelhante com a liberdade através de uma revolução. Numa época marcada por grupos de ideologia concorrentes, poderosos e homens fortes, em Portugal os capitães de Abril – jovens oficiais – iniciaram um golpe para derrubar o jugo da ditadura que aprisionou o povo português ao longo de quase 50 anos. A acção extraordinária desencadeada por este pequeno grupo de militares patriotas portugueses galvanizou um indescritível apoio popular culminando numa revolução quase sem sangue que ficou conhecida pelos cravos dados pelas floristas aos soldados para os colocaram no cano da espingarda.

Os portugueses fizeram uma constituição democrática, acabaram com o colonialismo, estabeleceram as liberdades civis como a liberdade de expressão e de imprensa e reconheceram o direito da mulher ao voto e a viajar sem a permissão do marido, direitos negados pelo governo ao longo de décadas. A revolução portuguesa despoletou uma terceira onda de democracia no mundo. Os Estados Unidos e Portugal vão estar para sempre ligados pela história comum e pelas impressões deixadas nos movimentos democráticos mundiais. No dia 4 de Julho celebramos a América como a terra da liberdade e oportunidade. Reafirmamos a nossa confiança em que a grandeza de um país não se mede pela sua dimensão ou riqueza, mas antes pelos valores e ideais que defende e pelos quais os cidadãos estão dispostos a lutar.

E assim nos apresentamos ao mundo como defensores da liberdade e luz da esperança para aqueles que, em qualquer lado, buscam a oportunidade e a liberdade. Preservar estes ideais no nosso país e noutros pontos do mundo tem custos. Muitas vezes pedimos aos nossos cidadãos o maior dos sacrifícios em nome desta importante causa. Hoje vamos parar para homenagear não apenas os americanos e americanas em uniforme, mas todos os homens e mulheres em uniforme e respectivas famílias que se sacrificam pelas liberdades que prezamos. E isto inclui as unidades de primeira intervenção da polícia e dos bombeiros que põem a sua vida em risco para garantir a nossa segurança. As cores dos uniformes podem ser diferentes, mas estamos unidos na causa da liberdade em todo o mundo.

O poder da liberdade é forte mas não inatacável. Há quem ameace os nossos valores fundamentais. Na semana que passou vimos isso em França, na Tunísia e no Koweit, mas também em Charleston, na Carolina do Sul.

Essas pessoas professam ideologias falidas e têm o coração cheio de ódio, intolerância e repressão. Não são novidade na história, mas a história também nos diz que não vão ganhar. Podem ter os seus momentos inglórios mas no final a humanidade rejeita tudo o que representam. E podem ter a certeza, os seus símbolos vão ser derrubados seja por acordo político ou por acção militar. Thomas Jefferson lembrou-nos que o terreno da liberdade se ganha palmo a palmo. Que nos devemos contentar em preservar o que conquistamos de tempos a tempos e avançar para aquilo que há ainda a conquistar.

Quando a causa é a liberdade e a igualdade de direitos não nos basta aconselhar paciência. Não deixemos, porém, de festejar o progresso. Celebrámos esse progresso a semana passada quando o Supremo Tribunal dos Estados Unidos fez sair uma memorável decisão sobre a igualdade de direitos no casamento. Esta decisão surgiu 5 anos depois de Portugal se tornar um dos países do mundo a liderar nesta matéria.

Nem nós nem qualquer outro país está absolutamente certo. A Liberdade e a Democracia são algo que nunca está feito, como sabiam os nossos fundadores. A nossa Constituição incita-nos a lutar por uma “união mais perfeita”. O caminho para este nobre propósito continua nos Estados Unidos, aqui na Europa e entre os povos amantes da liberdade em todo o mundo – guiados por pessoas determinadas que não se deixam abater pelo ritmo por vezes lento do progresso. Foi esta a promessa da América há dois séculos e meio e continua a ser hoje o nosso compromisso comum.

Muito obrigado.

[Brinde]

A ligação entre os Estados Unidos e Portugal é profunda e antiga. Portugal foi o segundo país a reconhecer o nosso país depois da revolução.

Mas essa ligação vem ainda de trás – do nascimento enquanto nação. No dia 4 de Julho de 1776, dia em que foi assinada a Declaração da Independência, John Adams, Benjamin Franklin e Thomas Jefferson – todos grandes homens – brindaram ao seu feito com vinho da Madeira.

Assim, com o copo de Madeira que têm na mão, eu e a Kim convidamos-vos a fazer o que foi feito há 239 anos:

À LIBERDADE!!!